quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Costas largas

Ter umas costas largas dá muito jeito... Poderem falar de nós e isso não nos afectar, é um recurso importante, que nos pode poupar muitas dores de cabeça!
É incrível como se deixa de fazer e dizer o que se quer por causa do que os outros vão pensar! Porque é que a opinião dos outros é tão importante ao ponto de nos levar a deixar de fazer aquilo que queremos? É importante porque queremos ser aceites? Porque não queremos ser criticados? Mas afinal quem quer que nos critique ou rejeite, se calhar é porque não nos respeita e sendo esse o caso, o mais lógico seria sermos indiferentes à sua opinião.
Por outro lado, parece que lidamos mal com a crítica... É difícil ser se criticado pelos outros, mesmo que construtivamente, e digerir depois o "bolo" de forma a aprendermos algo com a crítica sem ficarmos amassados na auto estima.
E depois a cabeça "dá voltas e voltas" a pensar no que os outros pensaram (desculpem a redundância) sobre o que se disse ou fez, levando a que futuramente não se seja espontâneo e se pense muitas vezes antes de agir! Faz se porque se pensa que os outros querem que se faça, ou não se faz porque pensa que os outros não querem que se faça. Deixa se de ser honesto consigo mesmo, para agradar ou não desagradar aos outros! Que injustiça!
E o mais incrível, é que muitas das vezes, os "outros" nem pensam nada, nem querem saber. Mas nós, na nossa preocupação "com o que os outros" pensam, é que ficamos a especular e a remoer naquilo que eventualmente poderão estar a pensar.
Este também é um caminho a percorrer... Preocuparmos nos cada vez menos com o que os outros pensam. Agir pelas nossas cabeças, fazer escolhas independentemente dos outros gostarem ou não... ter as costas cada vez mais largas! Não faz sentido condicionarmos a vida em função de outros, que não nos cuidam, que não nos querem bem, que nos são indiferentes e não valem a pena... Se valerem a pena, vão respeitar o que fizermos ou dissermos e o que quer que opinem é para o nosso bem.
Vivam as costas largas!

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O tempo que o tempo leva?!

Esperar não é fácil... Seja esperar numa fila, seja esperar pelo momento oportuno de falar, de fazer algo... Esperar é uma virtude que leva tempo a adquirir e que ainda assim mantém a sua dificuldade...
Tenho tido como uma das minhas missões de caminho interno, aprender a esperar... E não tem sido fácil... São muitas as vezes que dou por mim a não me conter, não aguentar mais as palavras ou actos dentro de mim, porque a espera do momento ideal vive se como longa e por vezes dolorosa...
Tantas vezes que por nos precipitarmos, não sabermos esperar, caímos em erros, dos quais depois nos arrependemos... E quantas vezes mais, ganhamos por sermos capazes de esperar... Por uma resposta, por um beijo, por um encontro...
Às vezes desejamos tanto as coisas, ansiamos tanto por respostas, que esperar se torna numa tarefa hercúlea! É um caminho de aprendizagem, de contenção de impulsos, de desejos, que só a maturidade e experiência nos dá. Mas até lá chegarmos, fazemos diversos erros, com os quais seria bom aprendermos algo.
O tempo, tem um tempo muito próprio, que não se rege pelo nosso relógio, nem calendário... É um tempo invisível, com ritmo singular, que é difícil de digerir. Ser capaz de relaxar, descentrar o pensamento e as emoções, centrarmo nos noutras coisas, nem sempre é tarefa fácil enquanto se espera, mas é imperativo que o façamos se queremos vingar "nesta história do esperar"...
É como diz o outro:" o tempo tem mais olhos que barriga" e troca nos as voltas quando dependemos dele, ao mesmo tempo que nos ensina lições quando conseguimos ultrapassar a "batalha do esperar a espera do tempo"...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A dança das relações

Uma vez perguntei à minha filha de 4 anos o que era um casamento, e ela respondeu me sabiamente que era uma dança! E se pensarmos, seja num casamento, seja em qualquer relação amorosa, trata se efectivamente de uma dança muito particular.
Umas vezes temos que dar passos para a frente, outras vezes recuar, outras deixar nos levar, noutras ainda conduzir o outro.... Umas vezes espera se um ritmo mais acelerado, noutras mais lento... Tal como na dança, também há vários tipos de relação...
E tal como na dança, às vezes os dançarinos não acertam o passo... Cada um vai para o seu lado, pisam se, e não acertam os corpos para que a dança possa fluir. Nem sempre  escolhemos um parceiro à nossa medida, seja para dançar, seja para trocar afetos...e às vezes escolhemos um parceiro cujos sapatos e corpo se parecem adequar a nós, mas apercebemos depois que os nossos corpos se desencontram e chocam, não havendo lugar para a harmonia.
A minha pergunta é, porque é que se numa dança trocamos de parceiro quando vemos que as coisas não estão a resultar, ou simplesmente paramos de dançar e sentamo nos, porque é que numa relação amorosa é tão difícil terminar?
Porque é que tantas vezes arrastamos tempo demais, relações condenadas, que fazem sofrer, quando aparentemente o mais lógico seria dizer basta?! Talvez porque uma coisa seja a lógica e outra, as emoções, o contexto... Há uma história, há laços, há filhos, casa e às vezes há o não se saber sequer como terminar a relação... O não ter coragem, ter medo de estar só na dança da vida...
E arrastam se passos, que se tornam pesados e dolorosos, ao ponto de sentirmos que já nem somos nós próprios, que o outro, a relação, nos está a roubar a alma...
E no final da dança, sentimos os pés pisados, atormentados, ressacados por aquela dança que há muito devia ter parado. Ficam as lembranças e aprendizagens, mas fica também a mágoa, as sequelas que condicionam a nossa forma de estar em futuras danças, e na própria vida...
Dançar deveria ser um prazer, um encontro de duas almas cujos corpos se entrelaçam ao som da música... Mas os desencontros ou encontros trocados levam nos a fazer escolhas pouco melodiosas para a nossa alma.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Estou bem onde não estou

Que diabo! Nunca estamos satisfeitos com nada... Bem dizia António Variações: estou bem, onde não estou, porque eu só quero ir ... 
Se temos, é porque temos, se não temos, é porque não temos... Nunca chega, ou então é demais...
Vejamos nas relações: se temos namorado, sentimo nos comprometidas, presas, pressionadas, ele dá  muito, ou dá pouco, ou qualquer outra coisa que implique : "há qualquer coisa que não está bem e está a mais"; se não temos namorado, estamos vazias, falta qualquer coisa, precisamos de afeto, falta nos alguém com quem conversar ou partilhar...
Ó raça maldita!!! Os homens nisto são mais "pão, pão, queijo, queijo", e não estão sempre com minhoquices na cabeça! São mais fáceis eles... 
É como se tivéssemos um bichinho, que nos vai mordiscando a alma e não nos desse paz.... E por isso temos que inventar sempre qualquer trica, porque o raio do bichinho não pára de incomodar. Mulher totalmente bem, sem nada para se queixar, é caso raro.... Espécie em extinção.... Temos que estar mal com alguma coisa, senão não estamos bem....
Por isso temos sempre conversa... Há sempre alguma coisa que falta ou que está a mais! Pudera! E as crises existenciais são nossas companheiras! "Ele é muito querido, mas eu já me estou a sentir presa", "ele não me dá atenção", ... Enfim... Temas não faltam... Ó raça insatisfeita... 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Tico e Teco

Costumo dizer que temos um tico e teco na cabeça e que estes às vezes não se entendem... São aquelas situações em que ficamos meios "tam, tans", ou "xéxécólé"...  Que é como quem diz: somos uma complexa máquina com razão e emoção... E estes às vezes não acertam os pontos...
A razão puxa para um lado, as emoções para outro... A razão, Sra astuta e séria, aconselha nos a não ir por um caminho, a não optar por certa solução... A razão é mestra em compreender e explicar as situações. A emoção por seu turno, incentiva nos a arriscar, a não pensar muito, a deixarmo nos levar... Esta dama, perita em sentir, nem sempre consegue aceitar tão bem as situações, porque "quem não se sente não é filho de boa gente".... e fica zangada, com raiva ou triste, se seguir aquilo que a Sra  razão considera como correcto....                                                                                            
Estes dois nem sempre querem dar as mãos e encontrar o meio termo... Cada um puxa para seu lado e  a pessoa fica ali no meio, numa espécie de limbo, sem saber para que lado se virar...
Dizem os sábios que o ideal é o meio termo... Mas de facto nem sempre é fácil encontrar esta coisa especial e única que é o "meio termo"... Compreender, tolerar e explicar (usando a razão), por um lado e aceitar e encaixar na gaveta das emoções, por outro, nem sempre é tarefa fácil...
Uma coisa é dizer que se compreende, outra é dizer que se aceita e que não custa.... Uma coisa é aquilo que pensamos ser certo e sensato fazer, outra é aquilo que realmente temos vontade de fazer....
Somos um pacote complexo, com vários mecanismos, e dentro de nós, razão e emoção travam lutas intensas e complicadas, que nos levam a tomar decisões.... Umas vezes mais ponderadas, quando ganha a Sra razão, outras mais emocionais e impulsivas, quando ganha a Sra emoção...
E o Tico e o Teco sempre a tagarelar, vão gerindo as situações do dia a dia, numa corda bamba de pensamentos e emoções, que nos fazem ir vivenciado a vida com altos e baixos...

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

It isn t ironic?

A vida às vezes é irónica... Dá voltas e voltas e nunca sabemos o que esperar... É um jogo em aberto, cujas cartas são um mistério...
Quando tudo parece perdido, abre se uma janela e surgem novas oportunidades, desafios, histórias... E é isso que a torna tão fascinante...
Eu acredito na vida... Mas acima de tudo acredito que a forma como a vivemos e sentimos é que a torna especial... A forma como somos capazes de dar valor a coisas simples, a imprevistos, a sorrisos,  olhares, é que faz com que ela valha a pena e que um dia como o de hoje, sem sol, se possa tornar num bom dia, num dia para ser vivido à seria.
É um aventura... Um puzzle... Onde as peças se vão movendo e à medida que mexemos nelas, outras ao lado se vêm obrigadas a mover também... E a imagem aos pouco vai surgindo... Cada peça que mexemos, traz novas oportunidades no nosso puzzle, na nossa vida... É preciso também ser capaz de arriscar e não ter medo de tentar... De que serve um puzzle se não nos embrenharmos a procurar peças e arriscarmos colocá-las na mesa...? Mesmo que não sejam as certas... Alguma coisa há de surgir...
E depois há que saber esperar... Saber dar tempo ao tempo para que o puzzle se vá formando e vá dando lugar a imagens... Um pouco como um tapete que se vai bordando... De início parece um amontoado de linhas e pontos, mas à medida que vamos avançando, vão surgindo árvores, casas, montanhas... Também na vida temos que saber esperar, dar tempo ao tempo... O tempo que não se rege pelo nosso "tempo", que tem as suas próprias regras e ritmo... Por muito difícil que seja... As imagens irão surgir, as oportunidades, os passos, as respostas, os sorrisos... Vale a pena viver esta aventura que é a vida... É uma ironia deveras interessante e curiosa...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Pescadas de rabo na boca

Às vezes parece que andamos à deriva... Sem rumo... Sem objectivos... Perdidos dentro de nós mesmos... Olhamos para dentro e parece estar tudo enevoado... E fica se sem saber que fazer, para onde ir, que caminho tomar... Coisas e questões da alma, difíceis de responder e de encontrar solução...
Porque nestas coisas da alma, ou nos sentimos bem ou não nos sentimos... Não é algo que se explique... Não há palavras que expliquem a verdadeira sensação de nos sentirmos bem e felizes... Apenas se sente.... E é leveza, bem estar, ausência de peso... Tudo assume um outro colorido quando nos sentimos bem... O sol passa a ser brilhante e mesmo as coisas simples, tornam se adocicadas e repletas de essência...
Mas nestas coisas da alma... Um dia sentimo nos bem, e noutro não... Começam então as perguntas, a tentativa de compreender... O que quero? O que sinto? Para onde quero ir? O que vejo? ... E difícil é quando não encontramos resposta... Mastigamos os pensamentos vezes sem conta, sem chegar a lado nenhum... Parece uma pescada de rabo na boca, que dá voltas e voltas sem nunca encontrar o fio à meada...
E a vida continua... E não dá créditos extra... Não faz uma paragem enquanto procuramos estas respostas...